segunda-feira, 9 de abril de 2012

De graça, com graça!

Gosto de rituais. Marcas na pele, cicatrizes na alma que gritam significados.
Não gosto de celebrações banais. Simplesmente porque existem.

Mas ao longo da vida esses ritos mudam de endereço, de significado, somem e reaparecem. Vou aprendendo com eles, vou acariciando as marcar e recriando significados.

Adoro celebrar meu aniversário. Gosto de um ritual que faço todos os anos, perto do meu aniversário, que é relembrar as pessoas que foram importantes no último ano. E a cada ano, tem novos personagens, novos significados, novas marcas. E, sim, tem gente que se mantém, há anos.

O último ano foi marcado pela readaptação. Em 2011 voltei para São Paulo, para perto dos meus pais, faculdade nova, emprego novo, dia a dia sozinha com 3 crianças.
Houve muita briga interna, entre o querer e o dever, entre o meu lado adulto e o criança, entre o velho e o novo.

E com isso, novas marcas! Mas houve muita graça! Graça de rir mesmo. Muito! Graça, de receber sem mérito. Simplesmente por ser eu!

No meu aniversário de 2011, tive a grande alegria em fazer um jantar para as pessoas que passaram comigo um dos piores anos da minha vida. Alegria? Sim! Pessoas que não tiveram medo de enfrentar o incerto, as dores, a falta de cor. Deixaram marcas eternas.

Nesse ano não poderei fazer um jantar, mas escolhi homenagear as pessoas que me trouxeram alegria no último ano, que literalmente me deram ar para respirar. Amigos, colegas da vida ou simples conhecidos que me deram prazer em viver. Desde simples coisas até as mais complexas. Ou o contrário, porque prazer e alegria não se medem.

Amigos que deram coisas materiais: fui a shows, a lugares bacanas, curti coisas VIP, viagens, presentes inusitados.
Pessoas que deram afeto: carinho no choro, cafuné, tempo, bronca, abraço no silêncio, mãos dadas.
Reencontros que trouxeram lembranças: do que já fui, do que ainda sou e do que ainda posso sonhar ser.
Companheiros espirituais: que me ajudaram a me ver com os olhos do Pai, a ser verdadeira e perder o medo em ser eu mesma.

De graça, com graça!

Aqui fica o registro, a marca, meu reconhecimento por todos vocês.

E que comecem as celebrações por mais um ano em que tive o privilégio em ter relacionamentos que deixam marcas, que me tornam cada vez mais humana e verdadeira!

Com amor, gratidão e carinho

Cassia

domingo, 1 de abril de 2012

Só podia dar em sopa...

Sopa é aquele prato que é quente, mas você precisa esfriá-lo para comer. É aquela comida que sua mãe faz quando está sem dinheiro ou com preguiça. Ou ambos. Você tem que comer sopa porque está de regime, doente ou só assim come todos aqueles legumes que, separados, todos tem gosto de nabo. O dia da sopa, por mera coincidência, é o dia da limpeza da geladeira, e sua empregada precisa colocar todos os restos de comida em algum lugar. Adivinha onde?

Enfim, sou mãe e uso todos esses truques pra enfiar uma sopa goela abaixo da molecada, o que fiz na noite de ontem, que por sinal tinha mais uma fator: eu comeria na casa de amigos!

Com muita dedicação comprei os legumes, a carne (sopa chique, por que geralmente vai sem...), descasquei, cortei, piquei, esquartejei os leguminosos. Fiz tudo isso pensando no risoto ou no filé que comeria, acompanhado por uma ou duas taças de vinho, em plena quarta-feira, só com adultos. Acho que cantei de felicidade enquanto preparava a sopa...

Após buscar os meninos na escola, abro o armário para escolher uma roupa, como se eu tivesse muitas opções. Odeio saltos, roupas apertadas, maquiagem e brincos. Os saltos, porque só gosto dos mais caros; roupas apertadas porque evidenciam meus 2 kg a mais; maquiagem, porque tenho preguiça em tirar quando chego e acordo parecendo o coringa; brincos, sou alérgica. Enfim, devo gostar de tudo isso, mas o destino deu-me desculpas para odiá-los...

Mas, para uma mãe de 3, sozinha, um evento no meio da semana merece sacrifícios e uma certa elegância. Escolhi um vestido confortável, uma bota sem salto, e resolvi que encararia uma orelha em carne viva e o coringa no espelho no outro dia.

A criançada em êxtase gritava! A mamãe vai sair! O que significa que, se sentirá culpada pelo prazer que terá em plena quarta-feira e dirá para a babá que eles podem jogar vídeo game até meia noite. Sim, como quase sempre, eles têm razão.

Vou para o banho. Rápido. Nada de depilação, afinal será um jantar familiar, entre amigos, sem nenhuma possibilidade de romance. Calcinha grande escolhida.

O telefone toca. Tropeço entre a bota e o (único) sapato de salto, que resolvi experimentar na última hora. Procuro o celular. Está embaixo do sutiã rendando, afinal, vai que... Gelei. O número da babá aparece no visor. Atrasada, penso. Atendo e simplesmente fico muda. Ela não vem. Sento na cama e choro. Em meio ao caos penso: Ainda bem que você não fez a unha (também sou alérgica...).

Os meninos, que lógico ouviram a minha não conversa com a babá, começam a inquisição de porquês e o caçula chora. Quer a babá... Eu também!!!!

Aos pouco vou me conformando. Tiro uma das botas que já tinha calçado, arranco a meia calça (alguém consegue tirar isso sem ser arrancando???) junto com a animação e o prazer de amigos em plena quarta-feira.

Ligo para o casal. Explico. Ligo para minha amiga. Explico. Acalmo a criançada. Libero o vídeo game.

Conformada, mas em espírito de rebeldia, penso em abrir a garrafa de vinho que ia levar e tomá-la inteira acompanhada da.... SOOOOPAAAAAAA...

Os meninos perguntam pelo jantar. Eu rapidamente digo que queimou e peço uma pizza.
Um dia como esse só podia dar em sopa, mas pelo menos, terminou em pizza!


PS: A sopa? Congelei e uso na semana que vem, quando tiver algum outro jantar!