sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Minha avó

Lembro do seu coque perfeito, branquinho
Não consigo vê-la de cabelos negros
Sua mão tinha muitas manchas
Tinha um sorriso de ternura

O seu brigadeirão era delicioso
O pudim cheio de furinhos
E sempre nos agradava
Cada neto, com uma guloseima

Acho que disse Te amo poucas vezes
Triste confundir respeito com falta de expressão de afeto
Devia ter segurado mais a sua mão
Poderia ter aprendido mais com sua experiência

Me contaram que você virou fera com um médico
Tentaram por meu braço no lugar se anestesia
Sua calmaria foi embora
Minha doce vó Paulina, virou fera!

Também sei que todo dia pela manhã
Filho por filho, neto por neto, bisneto por bisneto
Era lembrado em suas orações
TODOS, todos os dias

Hoje sei que você sofreu
Acho até que pouco viveu
Mas sei exatamente onde você está
O seu sotaque ressoa as vezes no ar

Quando você foi achei que não sofreria
Mas lembro do seu caixão
O quanto chorei
Ao lado do vô

As boas vós sempre fazem falta
Pelas comidinhas, pelos carinhos
Pelas orações
Pela representação da nossa existência!

4 comentários:

Fabi disse...

Ótimo seu texto! Uma linda homenagem à sua avó! E às (boas) avós em geral!

Vó é um ser especial, que não devia morrer nunca... minha avó paterna morreu antes de eu nascer... mas relatos de família e fotos fizeram com que eu tivesse a sensação de tê-la conhecido... desenvolvi um sentimento de carinho por ela. Já minha avó materna, que também já faleceu, foi minha segunda mãe... tenho muitas saudades dela... uma avó amorosa, participativa, mulher guerreira, cozinheira de mão cheia... a casa dela tinha cheiro de bolo e sempre um pote cheio de balas pras netas... era uma delícia quando ela brigava com a minha mãe pra me defender, tipo "deixa a menina!"... eu me sentia poderosa, defendida, achava que ela "mandava" na minha mãe... rs...

Li uma reportagem que dizia que as mulheres sempre viveram mais que os homens até porque tinham mais utilidade...rs... nas sociedades mais primitivas, as mulheres anciãs (avós) tinham a função de ajudar na criação dos pequenos, enquanto as mais jovens (mães) cuidavam mais da colheita e os homens da caça... elas tinham mais sabedoria para lidar com as crianças e eram fundamentais para o funcionamento daquelas sociedades. Observação: nenhuma menção aos avôs. Ou porque morriam cedo, ou porque nunca tiveram o mesmo destaque... rs...

Agora vejo a minha mãe como uma avó dessas, ainda na ativa, cuidando dos netos e muitas vezes cobrindo a ausência das mães que estão no trabalho... hoje mesmo minha mãe foi na reunião escolar das minhas sobrinhas e as pequenas vão dormir na casa dela... nem vou entrar na discussão se isso é certo ou errado, qual o papel de avó e qual o dos pais... mas não posso deixar de admirar tanto esforço (de quem não tem mais muita saúde), a enorme dedicação e o imenso amor que sente pelos netos...

Minha mãe, sua mãe, nossas avós e tantas outras mulheres que, cada qual ao seu modo, amam e amaram seus netos e deixaram suas marcas de carinho... para essas eu assino embaixo do seu tributo... viva as avós!!!

Beijos!

Cassia Carrenho disse...

LIndo seu texto!!! Por sinal, podia me ajudar com esse blog, hein??? Bota nos planos de 2011!!! Bjs

Fabi disse...

Mas o meu não é texto... foi só um comentário... só que eu falo (escrevo) muito... então ficou um comentário ENORME... rs...

Esther disse...

Eu não tive nenhuma avó, infelizmente!
Adoraria ter tido uma avó como eu...rs.rs.rs!
Bjs.